Uma escolha consciente pela maternidade

Uma escolha consciente pela maternidade

A maternidade seria mais leve se pudéssemos assumi-la como um projeto digno da nossa atenção exclusiva. Como algo capaz de trazer realização pessoal sem necessidade de outros complementos. Um caminho que nos levasse ao constante autoconhecimento e aperfeiçoamento e cujo fim fosse a felicidade de ter vivido com um propósito para além de nós mesmas. Como um legado que permanecesse quando já não estivermos neste mundo. E a maternidade pode ser tudo isso. É apenas uma questão de escolha.

Simplificando a vida por algo maior

Talvez seja preciso adiar alguns projetos e optar por um estilo de vida mais simples. Menos luxo e regalias. E menos preocupação com o que os outros pensam ou o que vão dizer de nós. Menos apego ao material, ao ter e ao consumir. E menos tantas outras coisas que não acrescentam nada às nossas vidas a não ser o estresse sem fim de não ter o suficiente, não saber o suficiente e não ser o suficiente.

Simplificar a vida tem suas vantagens. Aprender a contemplar a beleza ao nosso redor. Ser grato pelas pequenas coisas e mimos. Investir mais tempo em cultivar os relacionamentos. Fazer e construir juntos ao invés de simplesmente comprar. Usar a criatividade para suprir as necessidades. Terceirizar menos e vivenciar mais. Não perder nenhum momento dessa primeira infância tão importante dos nossos filhos.

Uma escolha e suas repercussões

Talvez eu nunca mais seja a advogada que fui um dia. E jamais volte a sentar na mesa de um departamento jurídico de uma grande empresa. Mas a maternidade me fez rever prioridades e modificar metas. Longe de ser um obstáculo à uma carreira promissora, ela me ampliou os horizontes e me fez desenvolver novas habilidades. Me ensinou sobre o amor, a entrega abnegada, a empatia. Me mostrou que posso superar os meus limites todos os dias. Que eu posso ousar ser diferente. Me provou que a realização pessoal pode estar num beijo estalado, num abraço desengonçado, num “te amo, mamãe”, numa boquinha sugando meu seio para receber alimento, segurança, afeto.

Por mais que tenha sido uma escolha consciente, muitas vezes ainda me pego nervosa, afobada, correndo para terminar alguma coisa, para despachar logo as crianças… Para quê? Então lembro a mim mesma que essa é a minha missão, eles são o meu projeto, e que mesmo não sendo perfeita, o meu esforço e meu desejo de dar o melhor de mim já estão sendo recompensados. Para esses três pitocos eu sou o porto seguro, a pessoa mais importante no mundo inteiro. E isso, pelo momento, é o bastante.


Texto de Gabrielle Gimenez @gabicbs

[Nenhuma mulher precisa obrigatoriamente se tornar mãe para alcançar a realização pessoal. Mas uma mãe não precisa ser imediatamente qualquer outra coisa para se sentir realizada. A pressão da sociedade é muito grande e nos causa certo constrangimento. O ser mãe em sua máxima expressão é diminuído e existe uma cobrança exagerada de “produtividade” que desrespeita e oprime. Mas prefiro pensar que por mais que o tempo passe rápido, a vida em si é longa o bastante para abarcar diferentes projetos. Feliz de quem sabe organizá-la de modo a priorizar as coisas certas no momento justo.]

Texto originalmente publicado na minha conta pessoal do Facebook em 06 de abril de 2017.

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